Defesas civis do Estado e dos municípios se unem para combater cheia e estiagem no Amazonas
Com quase 50 mil pessoas atingidas pela estiagem em quatro municípios amazonenses, em um momento em que os rios deveriam apresentar níveis elevados, as defesas civis do Estado e dos municípios do Amazonas se movimentam para criar um plano de ação unificado para enfrentar possíveis variações climáticas e catástrofes ambientais nos próximos seis meses.
Segundo o secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, coronel Fernando Pires Júnior, a colaboração entre as entidades municipais e do Estado é essencial para a melhor resposta a qualquer fenômeno que possa afetar a população. Essa, inclusive, é uma das principais pautas do 3º Encontro Estadual de Coordenadores Municipais de Proteção e Defesa Civil, que acontece até esta quinta-feira, 10 de março.
“O Estado e os municípios já têm os planos próprios, o que falta é compilarmos algo juntos e sabermos como trabalhar isso de uma forma eficaz, rápida e que possamos atender com qualidade o nosso povo, que pode ser assolado pelo desastre natural a qualquer momento”, explicou o secretário.
Apoio do Governo do Estado – Hoje, quatro municípios do Amazonas estão em situação de emergência causada pela seca fora de época, todos na calha do rio Negro: Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), Santa Isabel do Rio Negro (a 630 quilômetros de Manaus), São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus) e Barcelos (a 399 quilômetros de Manaus). Para ajudar no atendimento das quase 10 mil famílias afetadas, o governo estadual já repassou RS 1,2 milhão em aporte financeiro, além de 200 toneladas de alimentos não perecíveis, água potável e kits de higiene e de dormitório.
Fernando Pires ressaltou que não há registro histórico de estiagem na calha do rio Negro durante o inverno amazônico, porém a região não é a única que precisa de atenção da Defesa Civil. “Estamos trabalhando com o problema da estiagem, mas também temos calhas já em observação, pois o nível da água está aumentando. Então, no lado mais ao Norte do Amazonas nós temos seca e do lado mais ao sul, temos o problema das chuvas, que estão se intensificando e aumentando o volume dos rios, o que nos deixa em situação de alerta para as duas vertentes”, completou.
Causas – De acordo com o meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Ricardo Dellano, a anormalidade nas chuvas do Amazonas, que causaram a estiagem fora de época, foi influenciada pelo fenômeno atmosférico El Niño, que atinge a região desde outubro de 2015. “O impacto que ele causou certamente foi uma estiagem considerável. Como o estado é muito grande, o reflexo do El Niño se fez sentir no quadro de chuvas. Ele as diminuiu ainda mais onde a estação é seca e isso tem um comprometimento diferente de um local onde a estação é chuvosa”.