Projeto de purificadores de água muda vida de amazonenses no interior do estad

Governo do Amazonas garante água potável para moradores em 48 municípios por meio da instalação de um inovador sistema alternativo de tratamento

 

Mesmo rodeado pela maior bacia hidrográfica de água doce do mundo, o Amazonas, por décadas, sofreu com a falta de água tratada na torneira das casas de quem vive em áreas remotas do interior do estado. A triste realidade, porém, começou a ganhar ares de mudança em 2019, quando o governador do Estado, Wilson Lima, por meio da Defesa Civil do Amazonas, iniciou a implantação de um inovador projeto de purificadores de água potável. Dois anos depois, a iniciativa já levou 294 purificadores para 48 municípios.

O projeto desenvolvido pelo Governo do Estado engloba estações de tratamento de água móveis, bem como o projeto Água Boa, com estações fixas. Em 2021, já foram instalados outras 20 unidades do sistema alternativo de tratamento nos municípios de Boca do Acre (3), Envira (3), Água Boa (6), Anamã (1), Pauini (3) e Tapauá (4). Para o chefe de almoxarifado da Defesa Civil do Amazonas, tenente Santana, a ação leva água, saúde e dignidade à população.

 

“Eu acredito que todos eles que receberam esse apoio, esse benefício, nunca vão esquecer do dia em que, pela primeira vez, beberam dessa água. Essa água não veio só matar a sede, ela veio matar muitos patógenos também”, destacou o tenente, que ainda enfatizou o compromisso de Wilson Lima com o interior. “Já era tempo de aparecer um, em meio a tantos, para olhar por esse lado. Olhar o ser humano que está a distância e que precisa de uma água digna de beber”, diz.

Funcionamento – Os novos purificadores funcionam com base em um sistema bem simples, que coleta a água diretamente dos rios e a leva, por meio de tubos, para uma caixa d’água. “Lá dentro, quando ela passa pela tubulação de recalque, passa pelo dosador de sulfato de alumínio, e por ali começa o processo, que é a clarificação da água. Lá dentro, ele faz toda a rotação para que possa acontecer a floculação, nisso as partículas (de impureza) descem”, explica a engenheira civil da Defesa Civil do Amazonas, Silmara Rocha.

 

Com a água já clara, ela recebe a adição de cloro para ser desinfectada. Em seguida, passa por um filtro que contém minerais para realizar uma maior purificação. Após isso, basta ligar a torneira e a água, totalmente tratada, está potável e pronta para o consumo.

Instrução – Na última terça-feira (04/05), agentes da Defesa Civil do Amazonas e de Manacapuru estiveram presentes na Comunidade São Francisco do Arapapá, situada no município distante 68 quilômetros de Manaus. A visita teve como intuito verificar o funcionamento da unidade e analisar se a enchente irá afetar o desempenho do sistema alternativo de tratamento.

 

Durante a visita, os agentes também instruíram os moradores quanto ao funcionamento, a manutenção e a realização do procedimento de limpeza da água. “É de suma importância porque esse conhecimento foi passado a eles, é interessante que eles são os agentes para que esse benefício seja protegido. É muito importante a pessoa que está responsável por esse equipamento zelar pelos cuidados”, explicou o tenente Santana.

 

Beneficiados – A Comunidade São Francisco do Arapapá possui um dos dez novos purificadores de água doados pelo Governo do Estado a Manacapuru. Na localidade, cerca de 240 famílias são beneficiadas com o projeto. Uma delas é a família do produtor rural Mário Jorge de Paiva, que vive em uma pequena casa de alvenaria ao lado da unidade de tratamento. Ele destaca a facilidade que hoje possuem para levar água tratada para o lar.

 

“Era bem mais difícil. Eu pelo menos não tenho carro e tinha que botar o garrafão na garupa da moto, amarrar com liga e trazer para poder ter água em casa. E aí eu venho aqui com a garrafa nas costas mesmo, pego e levo pra casa. Meus netinhos vêm aqui também, pegam e levam pra casa. Para nós é uma bênção”, diz.

 

A moradora Elisângela Silva destaca que a nova unidade de tratamento tem sido fundamental durante o período da cheia dos rios. “Para nós foi bem-vindo esse poço artesiano, em razão de que agora, na enchente, o nosso poço está indo para o fundo, todos os poços estão indo para o fundo, e aí a água vem toda com gosto de água de igapó daqui. Aí vem uma água que já fica escura também, e essa daqui vai ajudar muito a todos nós”.

 

Segundo a agente comunitária do local, Ivone Pedrosa, além de água tratada, a unidade também gera saúde para os moradores. “Aqui, neste mês, teve um caso de diarreia e vômito. Costumava ter mais. Nesse período eram toda semana duas crianças, três crianças, e os adultos também adoeciam. Hoje, para nós, é de grande importância. Tem nos trazido benefício, saúde e melhoria para a comunidade, porque as pessoas não têm adoecido”, celebra a moradora.

 

FOTOS: Arthur Castro/Secom